Até agora a jurisprudência dos Estados Unidos sobrevive há mais de
O termo «religião» não precisou de ser definido na Primeira Emenda, visto que toda a gente sabia em geral a que se referia. Mesmo hoje há pouca perplexidade acerca do que é «religião» em
O Supremo Tribunal concluiu sabiamente que o magistrado não pode avaliar a veracidade ou falsidade das crenças do requerente (U.S. v.Ballard, 322 U.S.78 [1944]), nem se elas são teístas (Torcaso, Seeger e Welsh, citações supra), nem sequer indagar sobre o conteúdo de doutrinas e princípios ( Igreja Presbiteriana v.Mary Elizabeth Blue Hull Memorial Presbyterian Church, 393 U.S.440 [1969]). Talvez um escrutínio um pouco mais penetrante possa ser levado a cabo à entrada, antes de um grupo ser reconhecido como uma religião, mas mesmo aqui o magistrado é limitado na profundidade a que pode penetrar (cf. Ballard). O tribunal não pode especificar que conteúdo ou que estrutura um grupo deve apresentar para ser considerado «religioso», nem, dentro de certos limites amplos, que conduta desqualificará um grupo. (Os casos Mormon, em que a Corporação da Igreja de Santos dos Últimos Dias foi dissolvida porque ensinava e praticava poligamia) (1890), alcançaram resultados que os tribunais provavelmente não alcançariam hoje, mas mesmo essas medidas drásticas não afirmaram que o mormonismo não era uma religião, só que o ensinamento do casamento plural podia ser proibido.)2
O que os tribunais podem fazer — e fizeram em Seeger e Welsh — é examinar a função de religião para ver se «ocupa na vida do seu possuidor um lugar paralelo ao preenchido pelo Deus daqueles que admitidamente se qualificam para a isenção» ( Seeger v.U.S., 30 U.S.163). Para fazer isto, eles devem
Como é que o tribunal vai saber se o que eles estão a obter da organização são de facto as consolações de religião? Há uma quantidade considerável de literatura dedicada a definir ou descrever o que a religião oferece aos seres humanos e sociedades humanas, que vão desde Durkheim (Formas Elementares da Vida Religiosa) até Weber (Sociologia de religião). Infelizmente, os escritores eruditos sobre o tema da função de religião não concordam entre si quanto ao que é essa função. Mas os seus diferentes pontos de vista podem ser incluídos sob uma rubrica mais ampla: Religião é aquela forma de atividade humana que fornece aos seus aderentes uma explicação do significado supremo da vida. (Esta descrição é explicada com mais detalhe nos trabalhos precedentes do autor, Why Conservative Churches Are Growing [Porque é que as Igrejas Conservadoras Estão a Crescer], Harper & Row, 1972, 1977, pp.37-41, e Why Churches Should Not Pay Taxes [Porque é que as Igrejas Não Devem Pagar Impostos], Harper & Row, 197, pp.59–69.)
Há várias facetas subsidiárias nesta descrição que não devem ser negligenciadas.
Ela presume que um grupo reivindica ser uma religião. Scientology fez certamente essa reivindicação.
Uma organização que reivindique ser uma religião deve ter um corpo de aderentes com suficiente continuidade para ser identificável ao longo do tempo e em números suficientes para a apoiar por meio das suas contribuições voluntárias. Scientology tem certamente um tal corpo de aderentes.
A organização que reivindique ser uma religião tem de oferecer alguma explicação do significado supremo da vida tal que satisfaça as necessidades dos seus aderentes. Essa é a pergunta crucial que precisou de entrevistas a uma amostra representativa dos consumidores da pretensa religião de Scientology. «Qual é a conclusão desse inquérito?»
2. O Ato do